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Assim como título indica, o projecto que hoje lhe propomos conhecer é uma habitação tradicional que foi reabilitada em Torres Vedras. Num projecto deste tipo entram em cena as estratégias arquitectónicas que visam o mantimento da memória original do lugar.
O conceito seria então o de reorganizar uma casa antiga por excelência, tornando-a numa habitação moderna e funcional, preservando a sua integração com o meio sem esquecer a sua origem e materialidade distintas. Ao aliar o melhor da contemporaneidade com o edifício pré-existente, este projecto do Atelier Central Arquitectos, propõe um olhar distinto sobre questões relacionadas com a memória.
O pátio de entrada é um dos espaços mais relevantes na constituição espacial desta habitação, venha descobrir porquê!
A casa apresenta-se na sua timidez discreta e singela, em parte devido à materialidade puramente tradicional no exterior. Os materiais naturais definem e exaltam uma técnica construtiva antiga que caracteriza em muito esta habitação.
O telhado de duas águas revestido de telhas cerâmicas é outro factor que remete para uma temporalidade distante.
O pátio de entrada é mediador da relação dos espaços interiores da casa com o exterior. As relações que aqui se geram são diversificadas na sua essência. No piso térreo abrem-se para este pátio a sala de jantar, a cozinha, alguns espaços de distribuição espacial e ainda o quarto principal. No piso superior também uma casa-de-banho e dois quartos se voltam para este pátio.
Na casa existem ainda algumas divisões com uma presença mais subtil sendo elas um quarto, três casas-de-banho e uma lavandaria.
Os espaços interiores apresentam-se simples e minimalistas. Alguns detalhes relembram que este é um lugar antigo onde a memória perdura nos mais simples pormenores, como é o caso deste degrau de pedra natural.
A preferência na selecção dos materiais para o revestimento de pavimentos incidiu sobre a pedra de lioz e a madeira.
Num antigo lugar utilizado para a produção de vinho ou azeite, existe agora uma sala de estar. Um espaço carismático e distinto onde os pormenores e detalhes mantém a memória de tempos passados servindo agora novos usos e funções.
A madeira no tecto define a escala do espaço integrando-o com a envolvente natural que circunda a casa.
Namoradeira é o nome atribuído ao lugar que se localiza imediatamente adjacente à janela e que, através de dois bancos de pedra, permite que duas pessoas ali se possam sentar. Este elemento está directamente ligado à arquitectura tradicional onde se procurava uma envolvência directa da arquitectura com o Homem. Os espaços modelavam-se de modo a criar recantos onde as pessoas se pudessem fechar em si mesmas e em harmonia com o espaço interior e exterior.
A casa de Torres Vedras guarda consigo detalhes e pormenores únicos que apenas poderiam ser resgatados através da memória e de um projecto de reabilitação adequado, como foi o caso desta fantástica intervenção.
O termo design refere-se à criação, idealização, concepção e elaboração de um objecto. Neste caso a ideia para a conformação desta lareira moderna, surgiu da inspiração comum que lançou o mote para o desenvolvimento do projecto. É interessante compreender como uma ideia ou conceito se pode ramificar dando origem a diversas interpretações.
Este projecto surgiu de uma vontade de preservar uma memória adjacente a um lugar. Neste sentido, podemos considerar que esta lareira simboliza toda a parte conceptual desta intervenção de reabilitação estando esta, no entanto, aplicada a um único objecto.
A cozinha é um lugar eminentemente moderno e contemporâneo. A abordagem consistiu em manter o branco enquanto elemento principal que conecta este espaço com as restantes divisões da habitação.
O mobiliário brilhante realça a iluminação natural e contrasta com o pavimento escuro. O brilho é aqui um factor relevante presente não só nos móveis de cozinha lacados, mas também nas paredes revestidas de azulejos cerâmicos.
Os materiais naturais e as técnicas construtivas tradicionais definem os espaços e moldam a iluminação criando diversas sensações no interior da casa.
Este espaço apresenta uma inovação arquitectónica que se traduz na criação de um pequeno banco que surge na continuidade de uma das paredes desta divisão.
O branco, elemento fundamental na caracterização geral deste projecto, afirma-se nos ambientes transmitindo uma continuidade conceptual que se traduz numa sensação minimalista de serenidade e paz.
Os detalhes rústicos acompanham um pouco todas as divisões da casa e surgem nos ambientes de forma harmoniosa e cuidadosamente premeditada. Neste caso é um pequeno lavatório de pedra que marca a sua presença num espaço moderno e cheio de cor.
Pelo exterior, a visão da iluminação quente emanada pela casa reforça a sensação de espaço acolhedor e confortável que frequentemente associamos ao conceito de lar.
Aqui terminamos este artigo na esperança que se tenha deixado levar pelas maravilhas da arquitectura portuguesa. Se gostou deste projecto e gostaria de ver outro integralmente português, confira este livro de ideias acerca de uma fantástica intervenção numa habitação secular!
